sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A cultura que dá lucros...



Se o ridículo matasse, já não existiria o problema da sobrepopulação mundial! Fala-se de «lucros» numa instituição pública artística portuguesa? Com um investimento público de perto de vinte milhões de euros, mais um milhão, duzentos e cinquenta mil de mecenato privado (em retracção, porque será?), mais dois milhões, cento e quarenta e quatro mil euros de bilheteira e rendimentos de exploração de «eventos»? Eu ainda sou do tempo em que um gestor público artístico era reprovado se não conseguisse gastar os recursos que tem à disposição para cumprir a sua missão. Significava apenas que não tinha cumprido a missão; ou então, que tinha calculado mal os recursos de que necessitava. Agora, publicitam-se «lucros»!! É pena que as pessoas, incluindo os próprios gestores públicos artísticos, não percebam os riscos absurdamente elevados que corremos com a empresarialização das estruturas e, sobretudo, dos discursos. Mais cedo do que esperamos, o discurso toma conta da realidade e lá se vai qualquer justificação para o investimento público na área da cultura. No meio disto, o meu dedinho faz apenas uma pergunta, que espera não incomode: com lucros destes, porque é que a notícia diz que o estado deverá proceder a um aumento do capital social no valor de dois milhões de euros?

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