perguntam-nos:
para que serve o teatro?
diremos que é preciso deixarmo-nos devorar
entregarmo-nos a um fogo
que arde e queima
e não o vemos e não sabemos onde.
diremos que a vida é uma roleta
apanha-nos sempre noutro algures: vermelho, ímpar
diremos que é bom entrever, ensaiar futuros possíveis
fragmentos, lampejos de coisas ausentes.
diremos que o ar que respiramos
o ar que respiramos
é já teatro; é pó trágico do teatro
perguntamos: para que servimos nós?
2 comentários:
Finalmente, a "outra" escrita!
Um poema… trágico… sobre a ruína do teatro… a ruína da vida.
Citando, de cor, Paul Celan "(…) mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros (…)".
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