Ocorreu-me publicá-lo hoje aqui, na contagem decrescente para a primeira consumação pública do crime de lesa-democracia que a Câmara do Porto cometeu/está a cometer/ainda há-de vir a cometer (riscar o que não interesse) com a privatização da gestão do RIVOLI TEATRO MUNICIPAL e a sua entrega ao produtor «faux-Broadway» Filipe la Féria.
O texto integral compara precisamente o aplanamento, o empobrecimento, a repetição mecânica que assola as vidas individuais por via da explosão das indústrias culturais com a «biodiversidade dos olhares» e das experiências que apenas o exercício artístico instala com plena autonomia.
Nem tudo é perfeito neste artigo. Aquilo que me suscita mais dúvidas é a aparente ignorância de que as instituições de criação e difusão artística já fazem em permanência oficinas de prática artística e praticamente toda a famigerada «formação de públicos» (e que quando não fazem, isso resulta de um défice de programa que as autoridades públicas, financiadoras, devem estar preparadas para impedir). E também o facto de esquecer, aparentemente, que aquilo a que se chama «fruição» de bens artísticos, que não é mais do que o simples confronto de um público com uma obra com a comunicabilidade particular que a condição artística lhe confere, também é um garante dessa biodiversidade e da condição democrática.
No entanto, parece-me uma excelente pista de reflexão nestes dias de catástrofe para a cidade.
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