I
Bem vindos, dizia há dias o meu dedinho, à república das reestruturações.II
Tudo estava, segundo Sócrates, mal (e não pode deixar de se lhe dar razão). Tudo tem que estar, segundo Sócrates, bem.III
IV
Há décadas (!) que esperamos que a gestão do Estado (nós todos juntos a pagarmos impostos para que determinados serviços nos sejam assegurados) encarreire no sentido de nos garantir aquilo para que deveria servir sem custar um custo escandaloso. Ainda não conseguimos. O custo está, ao que parece, um bocadinho menos escandaloso, mas não paga o que deveria pagar. A saúde. A educação. O exercício e o acesso à cultura e às artes. E uma ideia vaga de justiça: no sentido literal; ou no outro, mais filosófico.V
Pela amostra, mais umas décadas esperaremos.VI
O défice de gestão é o verdadeiro problema da coisa pública (e boa parte do da privada, também...), todos sabemos. A gestão da coisa pública é feita, recordemos, pelos políticos que se sucedem na sua própria irresponsabilidade, e ainda pela casta dos gestores públicos, que é constituída sobretudo por políticos desencantados, ocultos, ou, na melhor das hipóteses, em travessia do deserto.VII
Para superar o défice de gestão, os gestores (políticos e públicos) nomeiam consultores de gestão (obrigatoriamente com os exemplos virtuosos do sector privado) para que lhes indiquem o que mudar.VIII
O gestor que deseja superar o défice de gestão contratando o consultor de gestão, logo se vê, sublima a sua (ir)responsabilidade através da materialidade do acto em si.IX
O gerido, o verdadeiro e único improdutivo – que logo por azar raramente tem voto na matéria (porque é a própria matéria) – é, primeiro, planificado. Depois, é estimulado. Logo depois, confuso, depara-se com os mesmos recifes de sempre, com uma realidade que não corresponde ao anúncio dessa mesma realidade. A seguir é avaliado. E depois, logo se vê.
X
E a história repete-se... Um novo Sócrates virá. Alguns mortos depois...
XI
E dificilmente alguém alguma vez compreenderá que a gestão não é uma ciência abstracta. Que apenas se gere o que se exerce. Na exacta complexidade em que se compreende e desenvolve aquilo que se exerce. Considerando todas as pessoas reais implicadas nessa complexidade e sabendo como extrair o mais útil e mais criativo de todas elas.XII
E o resto... é conversa!
5 comentários:
Afinal, já não vamos oKupar isto!!!
O nosso b(e)logueman regressou (mais maduro!)
Estamos contentes, apesar do Sócrates e do défice de gestão.
anónimos(as) confusos
Afinal, já não vamos oKupar isto!!!
O nosso b(e)logueman regressou (mais maduro!)
Estamos contentes, apesar do Sócrates e do défice de gestão.
anónimos(as) confusos
Pelo menos enquanto o défice de paciência for sustentável...
Nós, blogues unidos, anónimos e em coro, vimos, muito humildemente, solicitar uma manifestação de vossa douta sapiência, sobre o mundo em geral, ou em particular.
Esperamos anuimento... ou ainda está para banhos?... É que já se passaram muitos meses (está quase a ter que actualizar o seu perfil, ups!), o engenheiro, o senhor silva e os seus boys estão fartos de produzir casos e a nossa mão em absoluta inactividade... Não nos parece nada bem!
Anuimento? anuência?
As constrangedoras dúvidas de ortografia!
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